segunda-feira, 17 de março de 2014

Histórias de Metrô: Mais criatividade na hora de pedir dinheiro

Algo que sempre vemos dentro do metrô é quando uma pessoa entra no vagão e, entre uma estação e outra, começa a pedir dinheiro. Esse ato ora vem através de uma história (trágica) de vida, ora via comércio de chicletes (ou “chícletes”, dependendo do vendedor).

Entre as mais diversas vezes que pude presenciar algo do tipo, duas foram especialmente malsucedidas. A primeira foi quando a mulher - experiente nisso há muitos anos – entrou no metrô e começou a contar a tragédia que havia vivido. No meio da prosa, ao observar uma senhora que parecia conhecer, parou no mesmo instante e se dirigiu à saída. O melhor foi ouvir da avistada “acho que essa mulher me reconheceu”.

A segunda situação curiosa aconteceu quando um homem – que parecia não estar acostumado a essa prática – falava que vinha de outra cidade para prestar concurso para ser motorista de ônibus e não havia passado. Consequentemente, não tinha verba para voltar. Nisso, outro senhor o interrompeu e perguntou se ele possuía comprovante do concurso – óbvio que a resposta foi negativa. Na hora, pensei: “Agora pronto, eles vão brigar aqui”. Felizmente e para a minha surpresa, a réplica foi pacífica, porém indignada: “É porque eu também sou motorista e já fui vítima de uma enganação dessas! Falaram que iria ter um concurso, mas quando chegava no local a empresa negava”. O alívio foi imediato. O homem que pedia dinheiro não soube mais o que falar e, sem receber nada, saiu do vagão na estação seguinte.

Sejam bem ou malsucedidas, vemos que falta criatividade em todas as tentativas. Característica esta que só observei em uma ocasião. No caso, embarcaram dois rapazes, com um violão cada. Até aí, nada demais. Porém só foi o metrô andar, que eles se apresentaram como dupla sertaneja e começaram a cantar a primeira música que vinha à cabeça entre as portas do vagão.

E assim foram por cerca de duas ou três estações. Sempre tocando e andando ao mesmo tempo, no meio dos bancos, de um lado para o outro. Naquele ritmo, a dupla ganhou os passageiros. O estresse habitual de quem pega transporte público diariamente deu lugar a uma alegria – mesmo de quem não gostava do estilo musical – que fez aquele trajeto ganhar mais vida. Até os mais carrancudos comentavam: “Fazer assim é melhor do que ficar com lamentações. Pelo menos anima o povo”.

A apresentação até intervalo teve. Isso quando o metrô parava. Afinal, os pedintes não podiam ser vistos. E essa foi mais uma forma de divertir as pessoas que ali estavam.

Mas o pedido formal mesmo veio após umas cinco músicas. Apelaram para que comprassem seu CD ou dessem algum trocado. Nunca vi tanta gente dar dinheiro a desconhecidos com tamanha alegria como naquele dia...

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